Conscientização

Junho Laranja

Campanha conscientiza sobre prevenção de queimaduras

Foto: Divulgação - No Brasil, desde 2009, junho é considerado o mês nacional de luta contra queimaduras

Por Joana Bendjouya


O mês de junho tem como característica as festas juninas, que além de diversão podem também trazer a preocupação com o aumento do número de pessoas que chegam aos hospitais em decorrência de queimaduras. Com o objetivo de conscientizar sobre os riscos, o Ministério da Saúde estipulou o dia 6 de junho como Dia Nacional de Luta Contra Queimaduras, mas a campanha se estende por todo mês, visto que as festividades são realizadas neste período.

No Brasil, é estimado que a cada ano um milhão de pessoas sejam vítimas de queimaduras. Destes, dois terços são crianças. Dados do Ministério da Saúde informam que neste total também estão reunidos acidentes causados por fatores térmicos envolvendo fontes de calor como fogo, água, vapor e exposição ao sol, fatores químicos relacionados a substâncias como ácidos e solventes, além de acidentes envolvendo descargas elétricas ou radioatividade.

O cirurgião plástico Alan Costa dos Santos explica que queimaduras são feridas traumáticas causadas, na maioria das vezes, por agentes térmicos, químicos, elétricos ou radioativos. Comprometem os tecidos de revestimento do corpo humano, podendo atingir de forma parcial ou total as camadas de pele, sejam elas superficiais ou as mais profundas, como tecido celular subcutâneo, músculos, tendões e ossos.

As queimaduras são classificadas de acordo com a sua profundidade e tamanho, sendo geralmente mensuradas pelo percentual da superfície corporal que foi acometida.

As queimaduras podem ser classificadas como:

1º grau
Também chamadas de queimaduras superficiais, são aquelas que envolvem apenas a epiderme, a camada mais superficial da pele. Os sintomas são dor intensa e vermelhidão local, mas com palidez na pele quando se toca. A lesão da queimadura de 1º grau é seca e não produz bolhas. Geralmente melhoram no intervalo de três a seis dias, podendo descamar e não deixam marcas.


2º grau
Atualmente é dividida em 2º grau superficial e 2º grau profundo. A de 2º grau superficial é aquela que envolve a epiderme e a porção mais superficial da derme. Os principais sintomas são os mesmos da queimadura de 1º grau, porém incluindo ainda o aparecimento de bolhas e uma aparência úmida da lesão. O processo de tratamento pode ser um pouco mais demorado, podendo levar até três semanas. Não costuma deixar cicatriz, mas o local da lesão pode ficar um pouco mais claro. Já as queimaduras de 2º grau profundas são aquelas que acometem toda a derme, sendo semelhantes às queimaduras de 3º grau. Como há risco de destruição das terminações nervosas da pele, este tipo de queimadura, que é classificada como mais grave, pode até ser menos dolorosa que as queimaduras mais superficiais. As glândulas sudoríparas e os folículos capilares também podem ser destruídos, fazendo com a pele fique seca e perca seus pelos. A cicatrização demora mais que três semanas e costuma deixar marcas e cicatrizes.


3º grau
Queimaduras profundas que acometem toda a derme e atingem tecidos subcutâneos, com destruição total de nervos, folículos pilosos, glândulas sudoríparas e capilares sanguíneos, podendo inclusive atingir músculos e estruturas ósseas. São lesões esbranquiçadas ou acinzentadas, secas, indolores e deformantes, necessitando de reparo cirúrgico e de enxertos.

Simples e fundamentais
São várias as situações do dia a dia que contribuem, direta ou indiretamente, para que ocorram acidentes envolvendo queimaduras, principalmente dentro de casa. O cirurgião cita uma série de cuidados simples, porém fundamentais para evitar queimaduras e que devem ser incorporados à rotina das famílias. “A maioria das queimaduras que temos são em acidentes domésticos, alguns cuidados são importantes. No caso de quem tem crianças em casa, evitar deixar panelas com líquidos quentes no fogão, evitar que as crianças tenham contato com a térmica do chimarrão, principalmente a criança que engatinha”, orienta.

Em situações de famílias com crianças muito pequenas, algumas medidas de cuidados são bem específicas, como ter cuidado em toalhas de mesas muito longas, para que não corra o risco delas puxarem e objetos quentes caírem sobre elas. Evitar consumir alimentos ou bebidas quentes com crianças no colo. Ao preparar o banho do bebê, o ideal é primeiro colocar a água fria e depois acrescentar aos poucos a água quente, de forma que possa ir acompanhando a melhor temperatura.

“É importante sempre testar antes a temperatura da água com o dorso da mão, que é parte de trás da mão antes de colocar o bebê na banheira. A sensibilidade da pele do bebê é bem maior, de modo que a mãe, quando der banho e for testar, tem que entender isso. A água tem que estar mais fria que a mãe tolera pra si. Água morna mais pra fria que quente”, alerta Santos.

Atenção no inverno
O médico alerta para outros acidentes envolvendo queimaduras, bastante comuns nesta época do ano. Com as baixas temperaturas, o uso de lareiras acaba sendo uma opção para muitas famílias, mas elas exigem um cuidado para manuseio que nem sempre são levadas em consideração. “No inverno acontecem muitos acidentes, especialmente com lareiras ecológicas. Isso acontece porque as pessoas, ao reabastecer, ou não fecham a escotilha ou reabastecem com ela ainda quente. Isso provoca uma explosão. Meu conselho é que não se reabasteça a lareira. No caso das lareiras convencionais acontece algo semelhante, mas ao acender, porque se utiliza muito álcool para iniciar o fogo.”

Foi exatamente essa situação que deixou marcas na pele e nas lembranças de Regina Porto Fiori, tentando aquecer a casa da família, durante uma tarde de inverno, uma atitude de imprudência acabou virando um episódio de acidente doméstico.

“Foi um momento de bobeira, estava muito frio naquele dia, e eu queria acender a lareira e não conseguia. Eu joguei álcool, mas eu não tinha visto que tinha uma brasa, muito pouca mas tinha e acabou acontecendo uma explosão. Começou a pegar fogo na roupa que eu estava usando, em mim. Tinha chamas e minha primeira reação foi pegar uma manta que estava em cima do sofá, próximo de mim, e corri para o chuveiro e depois corri para o pronto atendimento que foi bastante rápido e me orientou o que fazer. Eu estava sozinha, precisei agir rápido. Precisei fazer um longo tratamento, inclusive com cuidados com a alimentação. Foi muito penoso, na época eu estava com três meses de gestação e a gente não sabe o que vai acontecer, se pode ter alguma sequela. Eu dormia e às vezes me acordava assustada, lembrando da cena. Por muito tempo não saía na rua por conta da pele que começou a escurecer e estava renovando, tinha medo de uma infecção, era uma pele frágil. Não tinha dor, mas até a pele nova vir, não conseguia me olhar no espelho, porque perdi cabelo, sobrancelha”, conta.

O que fazer em caso de queimadura
O cirurgião chama atenção para os cuidados frente às situações de queimaduras, quando se deve buscar um atendimento especializado e evitar qualquer outro cuidado sem conhecimento, principalmente os caseiros. “O mais importante cuidado frente a uma situação de queimadura é se a pessoa está com alguma roupa e ela está queimada junto, é tirar a roupa porque ela pode grudar na pele, na queimadura, e agravar a lesão. Então tem que tirar e colocar o local de queimadura em baixo de uma fonte de água corrente. Não colocar nenhum medicamento, gel, pasta de dente, babosa ou nenhum tipo de pomada é necessário. É lavar a queimadura e se encaminhar para o pronto atendimento mais próximo que ali serão feitos os cuidados adequados.”

Em relação às queimaduras elétricas, a recomendação é evitar improvisos. Muitos aparelhos ligados na mesma tomada e ligações elétricas clandestinas. No caso de casas com crianças, é recomendado o uso de protetores nas tomadas para que não consigam introduzir o dedo ou algum objeto. Outro cuidado importante é não usar o celular quando o carregador estiver ligado na tomada. “Hoje em dia, com tomadas mais modernas, já tem um dispositivo plástico que ajuda a diminuir os acidentes elétricos, no caso das crianças”, comenta Santos.

Algumas dicas Importantes:
- Se for utilizar o fogão, coloque as panelas com os cabos voltados para a parte de trás do fogão, dando preferência às bocas de trás, evitando que as crianças consigam pegar ou puxar as panelas;
- Evite circulação de crianças na cozinha e próximo a forno e fogão enquanto estiverem acesos;
- Evite o uso do fósforo e não deixe velas acesas sem supervisão;
- Tenha cuidado ao manipular álcool líquido ou outras substâncias inflamáveis; se houver necessidade, não deve ser realizado perto do fogo;
- Mantenha produtos químicos em local elevado e fechado, longe do alcance das crianças;
- Mantenha o ferro de passar, quando estiver esfriando, longe do alcance das crianças;
- Neste período de festas juninas, evite fogueiras;
- Use protetor em todas as tomadas da casa;
- Observe atentamente o manual de instruções de equipamentos como lareiras ecológicas. Evite movimentos enquanto estão acesas e tenha cuidado na hora de abastecer.

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